sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Se esquecendo de um rosto familiar

Minha mãe sempre me dizia uma certa frase enquanto eu chorava por ter sido desapontada por alguém. "Se o tempo não leva as pessoas de você, outras pessoas virão com o tempo e as levarão", as palavras mudavam de acordo com o dia, mas o sentido era sempre o mesmo.
Um dia essas palavras fizeram sentindo, então eu chorei como uma criança, então era isso, eu estava perdida como uma pequena ave que não consegue se orientar em um céu nublado...eu estava perdida.
A desorientação era tamanha, que eu já não sabia mais me posicionar, então eu fiquei a esperar, esperei dias por uma carta, um e-mail, um sinal, todos aquelas dias se tornaram meses, meses de pouco contato e esquecimento.
A dor era tamanha que eu podia sentir em minha alma, eu havia me desvinculado de quem com o tempo eu aprendi a amar fraternalmente, havíamos passado dos estágios primordiais de uma amizade, aquele amor era difícil de explicar, mas era perceptível a olho nú.
Hoje a sua presença me incomoda, suas idéias são divergentes das minhas, não sei mais qual é sua cor favorita, não sei mais sobre problemas cotidianos, não sei mais o que a faz sorrir. Mas me estagnei de idéias fixas, e hoje a dor é na lembrança, é na mudança. Me vejo cega diante de alguém que antes eu lia como um poema doce e de fácil entendimento, hoje não passa de literatura antiga, um clássico preguiçoso.
Eu realmente esperava a eternidade de nós, com filhos, pedindo xícaras de açúcar emprestado, preciso re-aprender a sonhar, acho que falta intensidade em meus desejos...
Muitas coisas boas ficaram guardadas no peito, e hoje eu te agradeço por me ensinar que ser menos impulsiva ou sentimental é uma boa arma de sobrevivência. E se hoje eu saio por aí, me arriscando com novas companhias, sem ter a quem dar prioridade, é porque um dia priorizei de mais quem me trocaria por uma nova companhia, quem nunca mais me chamou sequer pra tomar um café, eu não ligaria de transformar nosso vínculo em um vínculo maior, só pra caber o alguém novo que você encontrou, eu não me importaria.
E hoje eu te encontro por acaso, e por acaso preferia não te encontrar, a minha vontade ao te ver é de atravessar, a rua, o mar, pra não sentir tamanha decepção. O que sinto por você atualmente é tão feio que eu me envergonho, mas apesar de conseguir seguir enfrente com toda a frieza e insensibilidade que aprendi com você, pra usar em ocasiões de urgencia, eu ainda sou intensa, e torço pra você nunca precisar voltar as origens, porque caso isso aconteça, você não encontrará os mesmos fatos que estão na sua mente, as pessoas que compoem a foto em seu porta-retrato partirão, como um dia você fez.
Eu sinto muito, sinto pela falta que me faz, pela distância, pelo estranhamento, sinto falta da certeza, das conversas, da cumplicidade, sinto falta do seu jeito, do companheirismo, dos sonhos, sinto falta da empatia, da alegria, sinto falta da simplicidade, sinto falta de encher a boca pra falar sobre a melhor amiga que tive, sinto falta de ouvir seu nome frequentemente na boca dos meus familiares ou de amigos incomuns saberem quem você por histórias contadas, sinto falta de você, quando tem algum concerto eu não sei mais com quer ir, quando tem convites sobrando não é mais você quem eu penso em convidar, doí em mim de uma forma absurda até eu mesma sinto que é exagero, mas doí...
Eu tive que me perder, eu chorei em outros braços pra conseguir aliviar meu coração, e aliviei, sem ter que lhe implorar atenção, sem ter que me dirigir de forma doce a alguém tão azedo.
Me desculpe por algumas palavras desmedidas de forte significado, mas a culpa é toda sua, a culpa é só sua.
"
Rainbows wept color all over the streets.
When you went away maybe one day we'll meet"